Informação sobre anorexia, causas, sintomas e tratamento da anorexia, tanto em termos psicológicos, como farmacológicos e nutricionais, identificando o seu diagnóstico, e abordando a bulimia nervosa, com dicas para prevenir a sua ocorrência.


sábado, 29 de setembro de 2012

Tratamento da Anorexia Nervosa

Em termos de tratamento da anorexia nervosa, a terapêutica baseia-se num trabalho de equipe multidisciplinar, pois vários fatores contribuem para o aparecimento e manutenção dos transtornos alimentares. A American Dietetic Association (ADA) propõe que a abordagem deve ser um processo integrado, no qual a equipe trabalha para modificar os comportamentos relacionados ao peso e à alimentação. A terapia nutricional tem como objetivos, a recuperação nutricional gradual do paciente e a manutenção do peso; o restabelecimento das funções fisiológicas normais; restabelecer o padrão alimentar saudável; eliminar práticas alimentares inadequadas; a melhora do estado emocional, diagnosticar e ajudar a resolver problemas associados (familiares, sociais) e evitar recorrências. Essa terapia tem duas fases, na fase educacional os objetivos são relacionados à coleta e transmissão de informações como história alimentar do paciente, estabelecimento de uma relação de colaboração, definição de conceitos relevantes sobre alimentos, apresentação de exemplos de padrões de fome e de consumo alimentar e a orientação básica para a família; na fase experimental os objetivos são mais terapêuticos: separar comportamentos relacionados a alimento e peso, de sentimentos e questões psicológicas; incrementar as mudanças de comportamento alimentar; aumentar ou diminuir o peso gradativamente; orientar a manutenção do peso adequado e o comportamento com o alimento em ocasiões sociais. Tendo em vista a relevância da discussão sobre pensamentos distorcidos e crenças errôneas a respeito da doença, além da análise de auto-estima do paciente, observa-se que as técnicas cognitivocomportamentais são importantes instrumentos no tratamento psicológico, embora existam experiências com outras formas de intervenção que têm mostrado sucesso. Pacientes com anorexia nervosa muitas vezes ignoram os riscos que a doença apresenta para a saúde e relatam não se sentirem mal ou incomodados, pois o medo de engordar é muito maior que o de morrer. As crenças errôneas, o medo e as distorções sobre alimentação e nutrição representam uma barreira ao tratamento. Ressalte-se que os homens com transtornos alimentares ainda procuram menos tratamento que as mulheres e, quando o fazem, demoram mais para buscar auxílio médico. O padrão alimentar encontrado é de ingestão alimentar baixa em calorias e em nutrientes em geral, quando comparados a grupo controles e costumam não ter regularidades para realizar refeições. Apesar deste padrão errôneo de alimentação, as deficiências de vitaminas e minerais são raras devido ao uso frequente de suplementos e à diminuição das necessidades. No entanto já se  encontraram deficiências de zinco e ácido fólico em adolescentes com Anorexia Nervosa que não se reverteram após o tratamento, de tal forma que os autores recomendaram a suplementação destes nutrientes. As consequências da deficiência de zinco são muito semelhantes à Anorexia Nervosa, e a suplementação com zinco promove maior ganho de peso e redução da ansiedade e depressão. Inadequada ingestão de alimentos gera quadro de desnutrição energético-calórica em diferentes graus. Na avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC), as medianas dessas pacientes se encontram abaixo do valor mínimo da faixa de normalidade, o que se associa a quadros carenciais graves de vitaminas e minerais, entre os quais o cálcio. A ingestão prolongadamente deficiente de cálcio, faz com que seja retirado de estruturas que o contêm, como os ossos, podendo provocar prejuízos de graus variáveis na densidade mineral. Devido às anormalidades dos fluidos e eletrólitos (principalmente do fósforo), que podem causar complicações cardiológicas, neurológicas, hematológicas e até morte súbita, a alimentação deve ser cautelosa, com monitoração dos eletrólitos. A realimentação com alimentos é a primeira escolha para a recuperação do peso e é mais bem sucedida do que a realimentação com suplementos na recuperação a longo prazo. A meta principal do tratamento é ajudar o paciente a normalizar seu padrão alimentar, com uma dieta balanceada e suficiente para atender às suas necessidades e recuperar o estado nutricional debilitado pela doença, além de restabelecer o peso, normalizar a percepção de fome e saciedade e correção das sequelas biológicas e psicológicas da desnutrição. Um dos pontos críticos da reabilitação nutricional é a grave depleção do peso corporal, em consequência de um importante déficit de ingestão de energia. Para iniciar o tratamento, é importante fornecer calorias necessárias para o metabolismo basal, levando em consideração os ajustes necessários, já que os pacientes apresentam um decréscimo de cerca de 50% na taxa de metabolismo basal. A ingestão de 200 a 500 calorias adicionais, por semana, promovem ganho de peso gradual. A American Dietetic Association recomenda cautela na realimentação alimentar, pois na síndrome da realimentação pode ocorrer hipofosfatemia grave e súbita, quedas súbitas em potássio e magnésio, intolerância à glicose, hipocalemia, disfunção gastrointestinal e arritmias cardíacas. O uso de fármacos na anorexia nervosa permanece controverso. Há muitos fatores que dificultam a pesquisa nessa área como a baixa prevalência da anorexia nervosa, os riscos de morte envolvidos na doença, a negação da doença, causando resistência e ambivalência em relação ao tratamento. Assim sendo, os estudos de farmacoterapia controlados em anorexia são poucos e envolveram várias classes de medicações, como drogas antidepressivas, antipsocóticas, ciproeptadina, zinco, cisaprida entre outras.